Rigor com bares não vale nas ruas’, diz especialista em acústica
Título | “Rigor com bares não vale nas ruas’, diz especialista em acústica
Fonte | Jornal Folha de São Paulo – 04/05/14
Autora | Juliana Tourrucôo
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Especialista em acústica, o engenheiro Davi Akkerman, 57, já sanou de corriqueiros problemas domésticos, como saltos de sapato e latidos de cães incomodando vizinhos, até casos mais complexos, como o tratamento sonoro de casas de shows, teatros e igrejas evangélicas paulistanas.
Só não deu jeito aos gemidos de um casal de pavões de um publicitário, que mantinha insone a vizinhança da alameda Santos, em Cerqueira César. “Já projetei gaiolas acústicas para pássaros estressados, mas tive de aconselhá-lo a retirar as aves do jardim.”
De uns anos para cá, Akkerman se dedica ao silêncio urbano e quer a implantação de um mapa sonoro da cidade. Na semana passada, organizou na Câmara a 1ª Conferência Municipal sobre Ruído, Vibração e Perturbação Sonora (conferenciaruidosp.com.br).
Qual é o ruído mais nocivo ao ouvido humano?
Pelas pesquisas, temos a informação de que o ruído do tráfego urbano é o de maior rejeição, devido às características constantes de intensidade e incidência – tanto de dia como à noite.
Como o senhor avalia as ações da prefeitura em relação ao barulho?
A prefeitura é rigorosa com bares e casas noturnas, o que é correto. [De janeiro à março, foram 6.819 atendimentos e 98 multas.] Mas ela não faz nada para conter o ruído das ruas, vindo sobretudo de ônibus e caminhões. A população pouco reclama do ruído urbano. Ela está mais preocupada com o ruído do vizinho.
Como resolver isso?
A partir de políticas de gestão e da produção de um mapa público sonoro de São Paulo, a exemplo das cidades da Europa e da América Latina.
Seria como um “Google Maps do barulho”?
Sim. Com ele, faríamos ações junto à prefeitura, como controlar zonas ruidosas e preservar áreas menos barulhentas. Com apoio de um software, equipes de trabalho nas ruas e instalação de sonômetro em vários postes.
Quanto custa fazer esse mapa? E quem pagaria a conta?
Ainda não temos um orçamento. Os custos serão da prefeitura, pois é um documento para a cidade, acessível à toda a população. Levaria uns cinco anos para fazer o mapeamento completo.
Ao final do projeto, os dados não estariam desatualizados?
Não. Em tese, feita a implantação do processo, que leva cinco anos, nos períodos seguintes teríamos apenas de atualizar os dados de uma forma quase remota.
Por que deve haver mais silêncio?
A poluição sonora mata silenciosamente porque provoca diversos problemas de saúde, como distúrbio do sono e perda auditiva. Não dá para ficar calado.