Ações para o conforto acústico
Título | Ações para o conforto acústico
Fonte | Portal AECweb – Conexaãoo AEC – 01/04/16
Autoria | Portal
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Criada em 2011 a partir da iniciativa de seis empresas, a ProAcústica conta hoje com quase 65 afiliadas, entre as quais estão companhias de acústica, fabricantes de materiais, projetistas e instaladores. Em entrevista ao Portal AECweb, o recém-eleito presidente executivo da entidade, Edison Claro de Moraes, fala das conquistas e planos para o biênio 2016/2018 e dos impactos da ABNT NBR 15575 – Edificações Habitacionais – Desempenho.
AECweb – Quais as principais conquistas da ProAcústica?
Edison Claro de Moraes – São muitas, mas quero destacar a realização de duas edições da Conferência Municipal sobre Ruído, Vibração e Perturbação Sonora (2014 e 2015), que acontece em abril, em paralelo às ações do Dia Internacional de Conscientização sobre o Ruído (INAD). Outra importante iniciativa foi a realização da pesquisa “O mercado de acústica no Brasil”, algo inédito no país sobre o mercado de acústica na construção civil brasileira.
AECweb – Qual o enfoque do estudo?
Moraes – Este primeiro mapeamento, relativo ao ano de 2014, teve o objetivo de compreender melhor o tamanho, a representatividade, a força e o potencial do segmento, e iniciar a construção de dados macroeconômicos e de distribuição geográfica das empresas que atuam no mercado de acústica no país. Será um instrumento de extrema importância para orientar as empresas do segmento, fundamentar e balizar as relações da ProAcústica com seus associados, sociedade civil e governos.
AECweb – Como a área técnica da ProAcústica está estruturada?
Moraes – Criamos comitês técnicos de Acústica Ambiental, Acústica nas Edificações e Pisos e Mantas Acústicas. São grupos permanentes, empenhados no desenvolvimento de publicações técnicas, manuais, discussões e revisões de Normas Técnicas, com destaque para o processo de revisão das normas brasileiras de acústica (NBR 10151 e 10152) e da Norma de Desempenho (NBR 15575) – esta última, com o importante capítulo de acústica nas edificações, que contou com a intensa participação e dedicação dos membros da ProAcústica. Já temos várias publicações técnicas disponíveis em nossosite, que informa também sobre os cursos voltados para profissionais da área de acústica.
AECweb – É possível mensurar a conscientização da sociedade, nesse período, em favor do conforto acústico das habitações?
Moraes – O tema ‘acústica’ esteve e continuará em pauta, principalmente em decorrência da exigibilidade da ABNT NBR 15575, de 2013, um marco histórico que revolucionou o mercado da construção civil habitacional. A procura por especialistas em acústica vem aumentando e, em todo o Brasil, se multiplicam os pedidos de avaliações, ensaios de desempenho acústico e simulação de desempenho, por meio de softwares, para edifícios em fase de projeto. A indústria fornecedora de produtos e sistemas, por sua vez, contará com um grande incremento. Além disso, quanto mais se expandem os centros urbanos, maior tende a ser o desenvolvimento da acústica ambiental no Brasil, pois são cada vez mais numerosas as fontes de ruído presentes nas cidades.
AECweb – Quais as principais ações da gestão da entidade?
Moraes – A ProAcústica pretende criar um banco de dados de sistemas construtivos e ensaios de campo, em conjunto com outras entidades do setor. A pesquisa de mapeamento do mercado de acústica é um grande começo e envolveu todos os associados, mostrando que a entidade tem uma imagem excepcional perante o mercado em geral, com 84% de aprovação. No próximo biênio, estará em pauta também a criação de uma Certificação da Qualidade para empresas associadas da ProAcústica e de um ‘Selo Acústico’ para classificar edificações com bom desempenho acústico. Essa tarefa, que já vinha sendo avaliada, será posta em discussão para tomar forma. Outro desafio será aprofundar as articulações políticas, visando a implementação das Cartas Acústicas nas grandes cidades brasileiras.
AECweb – Serão promovidas novas ações para a formação profissional?
Moraes – Para o aperfeiçoamento técnico de profissionais da área, a intenção é manter a realização dos ensaios interlaboratoriais e, também, viabilizar a implementação do ‘Ruidômetro’, aplicativo para os usuários qualificarem a acústica de restaurantes. A forte atuação da ProAcústica em promover cursos rápidos e cursos de aperfeiçoamento de profissionais da área também será mantida. Este é um dos campos em que temos muito a oferecer. Vamos intensificar ainda mais as ações de parceria, apoio e troca de informações com importantes players do setor da construção civil, além de participação em eventos consagrados do setor.
AECweb – O que são os ensaios interlaboratoriais?
Moraes – Os ensaios interlaboratoriais são processos promovidos pela ProAcústica, que visam melhor capacitação e confiabilidade entre os laboratórios existentes no mercado, para os ensaios acústicos de campo requisitados pela norma de desempenho. Ou seja, para uma mesma edificação e seus componentes construtivos ensaiados, promove-se uma campanha de ensaios repetidos por diferentes empresas. Os resultados são avaliados e comparados estatisticamente, sempre dentro de procedimentos normalizados ISO, de maneira a balizar os laboratórios participantes quanto à confiabilidade e incertezas de seus procedimentos. As empresas participantes dos ensaios têm acesso aos relatórios finais, e os dados são sempre confidenciais. Cada laboratório recebe um código que permite identificar somente seus próprios resultados. A ProAcústica realiza ensaios interlaboratoriais a cada dois anos. Em 2016 ocorrerá a terceira edição.
AECweb – A ProAcústica conseguiu influenciar as políticas públicas pela redução do ruído?
Moraes – O avanço mais significativo foi o Projeto de Lei 75-2013, dos vereadores Andrea Matarazzo e Aurélio Nomura, que obrigará a edição do Mapa do Ruído Urbano para fixar metas e prazos para redução de barulho na cidade. Já aprovado em primeira votação no plenário na Câmara dos Vereadores de São Paulo, segue agora para a segunda votação – depois, irá para a sanção do prefeito Fernando Haddad. A tomada de consciência do direito ao conforto acústico vem acompanhada de um processo de educação, informação e esclarecimento. Todos os envolvidos precisam contribuir para que a qualidade acústica nas edificações – e no meio ambiente – contribua para a melhoria do bem-estar e da saúde pública, direito de todo cidadão.
AECweb – Houve evolução nos sistemas/materiais que colaboram para o desempenho acústico das edificações?
Moraes – Sim, tendo em vista as exigências, a cadeia produtiva mobilizou-se no sentido de primeiramente checar os desempenhos mínimos de suas tipologias construtivas e implantar soluções em seus sistemas construtivos, com o menor impacto econômico possível.
AECweb – Quais os sistemas/materiais mais ensaiados em laboratórios sob o aspecto acústico?
Moraes – Os ensaios de laboratório mais requisitados, em função da necessidade de caracterização do desempenho de fachadas, são os de esquadrias/vidros. Entretanto, como a questão do ruído de impacto em pisos é das mais conflituosas, existe uma demanda grande de ensaios de campo desse sistema.
COLABOROU PARA ESTA MATÉRIA
Edison Claro de Moraes – Formado em Economia com especialização em Administração de Materiais pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Pós-graduado em Marketing pela Escola Superior de Propaganda e Marketing de São Paulo (ESPM-SP) e pós-graduado em Acústica de Edificações e Ambiental pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP). É presidente executivo da ProAcústica (Associação Brasileira para a Qualidade Acústica) e vice-presidente de Comunicação e Eventos da Afeal (Associação Nacional de Fabricantes de Esquadrias de Alumínio). Participa ativamente de congressos e feiras internacionais e lidera o desenvolvimento de metodologias exclusivas para alavancar os estudos aplicados em proteção e soluções acústicas. Diretor da Atenua Som, possui 30 anos de experiência em soluções acústicas para caixilhos.