Característica vibrante de São Paulo é percebida nos diferentes sons que a cidade produz
Característica vibrante de São Paulo é percebida nos diferentes sons que a cidade produz
No dia do aniversário de 466 anos de São Paulo, reportagem especial de Alan Severiano mostra a diversidade de sons dessa grande cidade
Fonte | Jornal Nacional – Portal G1 Globo – 25/01/2020
Autoria | Redação / Reportagem Alan Severiano
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A cidade de São Paulo, como todos sabem, é conhecida pela diversidade. E essa característica vibrante também é percebida nos diferentes sons que a cidade produz.
O som menos querido dá à partida na cidade que não perde tempo, que ecoa o valor do trabalho, que não sossega nem na hora das canções de ninar. A ignição dessa sinfonia complexa chamada São Paulo passa, logo cedo, pela tradição das padarias.
Os ruídos sobre rodas ou trilhos marcam o ritmo de longos deslocamentos. Entre as filas que dão fama, a trilha sonora de um exército que batalha e se arrisca pra dar conta da urgência das entregas.
Muita gente acha que São Paulo é a cidade da buzina mas, entre os motoristas, não é bem assim. Comparando com moradores de outras cidades grandes, o paulistano até que buzina pouco. E por um motivo simples: numa cidade com frota de mais de 8 milhões de veículos, evitar esse som é uma questão de saúde mental.
Quem escapa do trânsito também faz barulho. Dona Arlete é vizinha das turbinas. Nascida ao lado do aeroporto de Congonhas, ela vive aqui há 81 anos e ainda não se acostumou: “Cada seis minutos, como você viu, passa avião, né? E o barulho é forte”.
Também tem aquele burburinho que todo paulistano quer ter, nem tão perto nem tão longe de casa. “Tem barulho é sinal que tem preço bom. Então é hora de vir!”, diz cliente na feira.
E a cidade tem suas surpresas… Um pedaço do mundo rural. Aquele gostinho de bairro do século passado, com a gaita do amolador de faca. No estacionamento onde sobra asfalto, bastou uma árvore para a natureza recuperar sua voz. “Terra, grama, árvore, passarinho, amigos. É isso que me faz feliz”, diz o dono.
A arte que brota em cada canto é o maior respiro dessa terra que premia talentos. Um grito de orgulho pela cultura. Ele nasceu Henrique Ferreira da Silva, mas, desde 2018, é Mano Hick. O jovem de 22 anos abraçou o rap para expressar a parte menos ouvida da cidade: “Desigualdade, injustiça e muitas outras coisas que me incomodam e eu preciso colocar pra fora também”.
Num mundo de sons cada vez mais particulares, tem quem queira compartilhar o silêncio. Alberto é frequentador assíduo dessa biblioteca, no meio de um parque: “Eu classifico isso aqui como um oásis dentro da cidade. É impressionante”.
No templo budista, sinos de diferentes tamanhos são usados nas cerimônias. Mas é esse que veio do Japão que ecoa por parte de São Paulo. “Gooonnn é a palavra em japonês que significa dádivas, benevolências que nós recebemos no nosso dia a dia. E é uma grande alegria a gente poder estar aqui, né?”
Uma alegria que se multiplica em vários cantos pra quem se dispõe a ouvir a música que toca na cidade.