1a Conferência Municipal sobre Ruído, Vibração e Perturbação Sonora divulga Carta com sugestões para enfrentar a poluição sonora em SP
Evento reuniu cerca de 300 pessoas e produziu a “Carta da Conferência” com sugestões para enfrentar o desafio que representa a poluição sonora na Cidade de São Paulo.
A 1a Conferência Municipal sobre Ruído, Vibração e Perturbação Sonora, com participação de cerca de 300 pessoas, ao longo de três dias, reuniu, em sua maioria, especialistas para discutir a questão da poluição sonora da cidade de São Paulo. Realizada por ocasião do Dia Internacional de Conscientização sobre o Ruído, no final de abril, teve como principais temas a implantação do mapeamento sonoro da cidade, os ruídos dos transportes, as consequências do ruído para a saúde física e mental da população, a modernização das leis existentes, campanhas de conscientização da população e o fortalecimento dos órgãos fiscalizadores, de modo a combater com mais eficácia os ruídos por incomodidade.
Promovida pela ProAcústica e pela Câmara Municipal de São Paulo, por meio do gabinete do vereador Andrea Matarazzo, a Conferência contou com um público formado por profissionais de órgãos e secretarias do governo municipal; políticos; prefeituras municipais do Estado de São Paulo e de outros estados; representantes de empresas como construtoras, escritórios de engenharia e arquitetura; consultorias; indústrias; universidades e população em geral. Ao final, a Comissão Técnica responsável pelo conteúdo e programação do evento, produziu a “Carta da 1a Conferência Municipal sobre Ruído, Vibração e Perturbação Sonora” com sugestões para enfrentar o problema da poluição sonora na Cidade de São Paulo, de forma a harmonizar o desenvolvimento com a qualidade de vida compatível com uma metrópole moderna (veja link no final do texto).
Para o presidente da ProAcústica, Davi Akkerman, o mapeamento sonoro da cidade pode levar os governantes a criar ações estratégicas para a gestão do ruído urbano, em razão das possibilidades que esse instrumento de planejamento oferece. “Com o mapa será possível definir zonas mais e menos críticas e estabelecer planos de ação para a cidade”, esclarece. Isso permitiria o redirecionamento do trânsito em áreas mais críticas, campanhas de incentivo à ecomobilidade (bicicletas e transportes híbridos), maior controle sobre o ruído do tráfego, intervenção na velocidade máxima das vias, entre outras medidas, entre as soluções menos onerosas. Isso já acontece nas cidades europeias, desde que foi implantada a Diretiva Europeia, que obriga as cidades com mais de 250 mil habitantes a fazer o mapeamento acústico.
No Brasil, apenas Fortaleza implantou seu mapa de ruídos, obtendo excelentes resultados no combate à poluição sonora. Para Akkerman, agora é o momento de a maior cidade do país levar a sério, dar o exemplo e também fazer seu mapeamento. “Essa discussão é importante para mostrar como os conhecimentos na área da Acústica podem atender às reais demandas da população e melhorar a qualidade de vida nas cidades”.
De acordo com o presidente da ProAcústica, a cidade está chegando a um amadurecimento quanto à questão do combate à poluição sonora, e alcançando um ponto em que as reclamações sobre ruídos passam a ser inúmeras e generalizadas, atormentando a vida e o sono dos paulistanos. Tanto que nessa primeira edição da conferência, que contou com 24 palestrantes, participaram da Comissão Técnica diversos órgãos públicos de grande importância como a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego); CETESB (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo); PSIU Programa de Silêncio Urbano da Prefeitura de São Paulo; além do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas); SECOVI SP Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis Residenciais e Comerciais de São Paulo; SINDUSCON SP Sindicato da Indústria da Construção do Estado de São Paulo; Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo; Auris Projetos; Ouvido no Ruído (Movimento popular pelo controle da poluição sonora), ProAcústica e do Gabinete vereador Andrea Matarazzo.
O professor Bento Coelho, especialista em Acústica do Instituto Superior Técnico (IST), da Universidade de Lisboa, Portugal, fez uma analogia mostrando que o mapeamento sonoro é similar a um exame de ressonância para que o médico possa fazer um bom diagnóstico do paciente. Depois, disso, diz ele, é possível pensar no melhor remédio e tratamento para o paciente. “O mapa de ruído é a mesma coisa. Ele não é uma solução, mas vai permitir conhecer os problemas de ruído de uma cidade e com isso combatê-los. Sem ele é impossível prescrever um tratamento adequado”, explica. E lembra que é o município que tem de assumir essa responsabilidade.
“Espero que essa conferência possa resultar em uma discussão ampla em São Paulo, e que leve ao mapeamento da cidade, como aconteceu na Europa”, comenta. Há previsões de que em 2050 dois terços da população mundial estarão concentradas nas cidades, sendo que na Europa, esse número já é de 80%. Bento Coelho citou ainda que segundo o indicador Daly (Disability Adjusted Life Years), medida total da carga de doenças, expressa no número de anos perdidos devido a problemas de saúde, deficiência ou morte precoce, o ruído foi apontado como a maior causa de incômodo pelos europeus, impactando a saúde de maneira profunda. “Sabemos que ruídos a partir dos 55 dB são realmente preocupantes, tanto para o bem estar e como para a saúde humana”, destaca. O professor sugere que se comece o mapeamento de São Paulo com foco em alguns grandes eixos da cidade para, depois, amplia-lo abrangendo toda a região metropolitana.
Mais informações | Acesse o link para conhecer a Carta da 1a Conferência Municipal sobre Ruído, Vibração e Perturbação Sonora, com sugestões para enfrentar o problema da poluição sonora na Cidade de São Paulo.
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Galeria de Imagens | Crédito das Fotos – Fábio Jr / Marcelo Ximenez / Mozart Gomes: Fotógrafos CMSP