Inad desperta São Paulo para o incômodo do barulho
O dia da conscientização sobre os graves problemas da poluição sonora, este ano, trouxe uma veia bem humorada. A famosa escultura de Victor Brecheret, o Monumento às Bandeiras, no Parque do Ibirapuera, amanheceu com fones auriculares de proteção para lembrar que a sociedade civil busca soluções de combate às diversas formas de perturbação acústica sem abrir mão da leveza. O secretário do Verde e Meio Ambiente de São Paulo, Gilberto Natalini, colocou a poluição sonora – que ele chamou de sexta modalidade da poluição, ao lado da poluição da água, ar, solo, visual e climática – na pauta da política pública do município. “Vamos treinar nossas equipes para trabalhar no combate a esse problema. E isso tem que estar na pauta do prefeito e das outras secretarias”.
No ranking das poluições, os ruídos agora são número 2
A edição deste ano do Inad – um esforço conjunto da ProAcústica e a secretaria municipal do Verde e do Meio Ambiente de São Paulo por meio do departamento de Educação Ambiental da Universidade Aberta do Meio Ambiente e Cultura de Paz (Umapaz) – uniu o bom humor à conscientização sobre os graves problemas da poluição sonora. A famosa escultura de Victor Brecheret, o Monumento às Bandeiras, no Parque do Ibirapuera, amanheceu com fones auriculares de proteção para lembrar que a sociedade civil busca soluções de enfrentamento e combate às diversas formas de perturbação acústica. A adesão ao Inad cresceu e a repercussão na mídia foi enorme. Em matéria de capa, o jornal Folha de S. Paulo amplificou as declarações do coordenador do Comitê de Acústica Ambiental da ProAcústica, Marcos Holtz: “o ruído de tráfego passou a poluição da água e já é o segundo pior tipo de poluição ambiental”.
O Dia Internacional da Conscientização sobre o Ruído ou, em inglês, International Noise Awareness Day (Inad), foi um sucesso em São Paulo. O Monumento às Bandeiras, no Parque do Ibirapuera, amanheceu, no dia 26 de abril, com os componentes da escultura em granito de Victor Brecheret ostentando protetores de ouvido para alertar sobre o impacto do ruído na vida cotidiana da população.
Este ano, a ProAcústica e a Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente de São Paulo por meio do departamento de Educação Ambiental da Universidade Aberta do Meio Ambiente e Cultura de Paz (Umapaz) uniram esforços em mais um evento pela conscientização sobre os problemas da poluição sonora.
Organizações da sociedade civil, preocupadas em reconhecer o problema, buscam soluções de enfrentamento e combate às diversas formas de perturbação acústica. A adesão ao Inad cresceu e a repercussão na mídia foi significativa. Em matéria de capa, o jornal Folha de S. Paulo amplificou as declarações do coordenador do comitê de acústica ambiental da ProAcústica, Marcos Holtz: “o ruído de tráfego passou a poluição da água e já é o segundo pior tipo de poluição ambiental; perde só para a poluição do ar”.
A programação inicial do evento, no auditório da Umapaz, na tarde da quarta-feira (26/04), começou com um ritual de meditação de 60 segundos de silêncio dirigido pelo monge Ryozan. Logo depois, a fonoaudióloga Ana Claudia Fiorini, representante da Unifesp, falou sobre os impactos da poluição sonora na saúde e na vida dos indivíduos. “A exposição aos ruídos de diversas naturezas (trânsito, construção civil, aeronáutico, ferroviário, industrial, de bares e restaurantes e cultos religiosos), em excesso e de forma contínua ao longo da vida, pode ocasionar danos à saúde dos indivíduos. A legislação existe, mas não é obedecida. Tudo isso favorece uma série de doenças cardiovasculares, distúrbios do sono, pressão alta, estresse, irritabilidade, ansiedade e agressividade, que pode afetar a capacidade de concentração, aprendizado, produtividade e o descanso”, afirmou Fiorini. O Mapa de Ruído da cidade de São Paulo e o diagnóstico e gestão dos impactos da poluição sonora encerraram as atividades da tarde, com a apresentação de Marcos Holtz. Ao que se seguiu a caminhada dos alunos de fonoaudiologia da Unifesp, USP, PUC-SP, Umapaz e demais presentes rumo ao Monumento às Bandeiras, passando pelas ruas Quarto Centenário e República do Líbano até a praça Armando de Sales Oliveira. O típico chuvisco paulistano e a chuva que caíram durante a manifestação de dois quilômetros e meio não atrapalharam em nada o ânimo dos participantes.
Na chegada ao monumento, os alunos e demais presentes procederam a um abraço simbólico da icônica escultura inaugurada em 1953. O Inad foi criado em 1996, nos Estados Unidos, pela League for the Hard of Hearing, hoje Center for Hearing and Communication, para promover o evento mundial de conscientização, que consiste em 60 segundos de silêncio em várias cidades do mundo. À noite, a mobilização pelo silêncio voltou ao auditório da Umapaz para uma solenidade com representantes do legislativo e do executivo municipais, além de autoridades e mandatários internacionais como o representante da União Europeia.
Durante a apresentação, Gilberto Natalini, secretário do Verde e Meio Ambiente de São Paulo, colocou a poluição sonora – que ele chamou de sexta modalidade da poluição, ao lado da poluição da água, ar, solo, visual e climática – na pauta da política pública do município. “Vamos treinar nossas equipes para trabalhar no combate a esse problema”, declarou o secretário. “O Mapa de Ruído de São Paulo e essa discussão tem que estar na pauta do prefeito e das outras secretarias”, concluiu. Para Edison Claro de Moraes, presidente da ProAcústica, o sucesso dessa campanha deve contribuir para conscientizar a população brasileira sobre o ruído e a responsabilidade que recai sobre cada um de nós, no sentido de reduzir o barulho gerado pelas nossas atividades diárias.
Vistos à distância, os fones amarelos de proteção colocados nas 32 cabeças da escultura sobre o monumento – uma figura de linguagem e expressão cujo gesto representa um sinal de alerta a favor do silêncio – atraiu os jovens e crianças, estudantes do ensino fundamental e médio, alvo importante da campanha que pretende promover uma mudança de mentalidade. Para os organizadores, ficou claro que alcançar alunos de graduação de cursos de engenharia, em especial da engenharia acústica, engenharia ambiental e engenharia civil, de arquitetura e urbanismo e de cursos de fonoaudiologia, contribui para a conscientização desses futuros profissionais e da comunidade como um todo.
Participantes da Solenidade de 26/04/17
Da esquerda para a direita: Leda Aschermann, representante da Universidade Aberta do Meio Ambiente e da Cultura de Paz (Umapaz); Alessandra Samelli, representando a USP; Wanderlei Pereira, diretor do Psiu; Cesar Augusto de Aguiar, cônsul da república do Chipre, representando a União Europeia; coronel Sardeli, representando a Polícia Militar; Gilberto Natalini, secretário municipal do Verde e do Meio Ambiente; Edison Claro de Moraes, presidente da ProAcústica; Lygia Cecília Cunha, representante da secretaria municipal da Saúde; Ana Claudia Fiorini, representante da Unifesp e Rosane Cristina Gomes, da secretaria municipal de Urbanismo e Licenciamento.