Projeto de acústica do Auditório do CNC, em Brasília, tem ênfase na sustentabilidade

Projeto da Síntese para o auditório do Centro Empresarial da Confederação Nacional do Comércio, em Brasília, teve a missão de utilizar materiais sustentáveis e conseguir desempenho acústico para o som residual de 35,3dB(A)

Auditório do CNC, em Brasília

O Complexo empresarial da Confederação Nacional do Comércio (CNC), em Brasília (DF), é um dos
mais recentes empreendimentos de escritórios da capital federal. Construído pela
SVC Construções, em terreno de 154 mil m², a obra está localizada no Setor de
Autarquias Norte.

O empreendimento, com quatro torres e quatro subsolos, com
15 tipos e um pavimento duplex, foi projetado com um amplo hall de entrada com
pé direito duplo. Concebido com base na sustentabilidade, o CNC é um dos
primeiros e maiores complexos empresariais a obter a certificação LEED Gold em Brasília.

Confederação Nacional do Comércio (CNC)

Além de oferecer áreas de convivência e serviços no térreo, com
lojas, quiosque central coberto destinado a serviço de bar e lanches, complementou
a infraestrutura do conjunto um auditório para 400 pessoas no primeiro subsolo,
equipado com recursos multimídia, salas de conferência, bar e copa.

A Síntese Acústica
Arquitetônica
desenvolveu
o projeto de acústica arquitetônica do auditório (com todas as soluções
técnicas e estéticas), e se baseou nas principais necessidades
do cliente, que necessitava de um espaço esteticamente agradável e que
garantisse qualidade acústica. De acordo com a arquiteta Cândida Maciel, da
Síntese, os pontos mais importantes envolveram inteligibilidade da fala,
isolamento acústico, tempo de reverberação o mais próximo do ideal e
viabilidade econômica.

Auditório CNC - Brasília

“Por estar localizado no
subsolo abaixo do piso térreo, que tem intensa circulação de pessoas, além de uma
fonte d’água, foi necessário utilizar de mantas de pneu reciclado na laje
superior para evitar o ruído aéreo e de impacto, pois o auditório foi
desenvolvido para palestras e conferências”, explica Cândida. Outra das exigências
do cliente era utilizar produtos que atendessem ao programa de certificação
LEED, fabricados com materiais reciclados e recicláveis, por exemplo, e
produtos com baixa emissão de Compostos Orgânicos Voláteis (COV), tais como adesivos,
selantes, tintas e revestimentos, a fim de reduzir a quantidade de
contaminantes do ar interno; além de sistemas de iluminação de alta eficiência,
e produtos economizadores de água.

Auditório CNC - Brasília

Desempenho acústico

Para
alcançar o desempenho acústico especificado no projeto, os painéis para reforço
sonoro do forro e das paredes foram instalados de forma inclinada na área
próxima ao palco. A escolha recaiu sobre painéis frisados com perfuração (recheados
com lã de poliéster) e sem perfuração (nas áreas com objetivo de reforço
sonoro). Nessa área foi utilizado também um painel de madeira disposto em
vários níveis, com objetivo melhorar a difusão sonora.

“No fundo do auditório
foram empregados os mesmos painéis perfurados com recheio de lã de poliéster. Outros
materiais utilizados foram o forro mineral (em algumas áreas) e revestimento de
espuma de poliuretano forrada com tecido. A atenuação sonora exigiu reforços
nas paredes, feitos com drywall recheado com lã mineral, além de portas
acústicas de 30dB”, esclarece Cândida. Para reduzir o ruído, as tubulações
hidráulicas foram enclausuradas no entreforro em caixas executadas em sistema
drywall preenchidas com lã mineral.

“Assim, conseguimos de
atender o objetivo proposto para o som residual de 35,3dB(A), com o ar
condicionado em funcionamento.  Isso
exigiu uma interação, incentivada pelo cliente, com os demais projetos, em
especial com o projetista de ar condicionado, para o qual requisitamos
insuflamento de baixa velocidade a fim de atender os níveis de pressão sonora
solicitados. Esta aferição sonora foi realizada após a conclusão da obra”,
destaca a arquiteta.

O mobiliário escolhido com
a aprovação do cliente apresentava ensaios de absorção sonora, o que garantiu
uma maior precisão nos cálculos. “Optamos principalmente por materiais
industrializados com laudos de acústica, incêndio e comprovação de baixa
emissão de COV”, ressalta Cândida.

Fotos |
fotógrafo Edgar César