Referência e figura ilustre entre seus parceiros, Fernando Henrique Aidar deixa legado para a Acústica
A ProAcústica lamenta a perda em julho deste ano do nosso Associado Honorário, homem afável, profissional de uma geração de precursores e incentivadores do desenvolvimento da acústica no Brasil por sua trajetória, dedicação e contribuição ao setor.
Durante sua trajetória profissional Fernando Henrique Aidar dedicou-se intensamente à Engenharia do Controle de Ruído, principalmente, nas áreas industrial, residencial, institucional, diversão, urbana, rodoviária, metroviária e especiais. Teve papel indispensável na realização das normas brasileiras de acústica, foi sócio honorário da Sobrac e Membro Associado ao I-INCE (Institute of Noise Control Enegineering). No meio editorial participava do Conselho Editorial da Revista Téchne.
Desde 1956, Aidar atuou na Eucatex Acústica. Depois de sua saída da empresa, fundou a FH Aidar Engenharia, responsável por assessoria, consultoria, medições acústicas e projetos para o controle do ruído e vibrações nas áreas industrial, rodoviária, metroviária, residencial, telecomunicação, institucional e comercial.
Em março de 2012 foi homenageado pela ProAcústica se tornando Associado Honorário, pela trajetória e contribuição para o crescimento e amadurecimento do segmento de acústica no país. Ao longo destes 10 anos de associação, Aidar se manteve atuante marcando presença em diversas atividades da ProAcústica a quem somos muito gratos.
Para contribuir com essa homenagem publicamos abaixo depoimentos de seus dois grandes amigos:
“O querido Fernando Henrique Aidar foi, sempre, muito presente na minha vida! Nos conhecemos há mais de 30 anos (desde a Sobrac) e, através das afinidades – paixão pela acústica, pela música e pela família (no seu caso, a esposa Cleo e os 4 filhos) – nossos laços se estreitaram.
A despeito de sua inteligência brilhante, capaz de expressar – de forma simples – os problemas acústicos, o Fernando tratava a todos com muito carinho e humildade, incluindo os jovens iniciantes na disciplina. Trabalhamos juntos em diversos projetos, vários ligados a sistemas lineares de transporte, como a Linha 2 Verde do Metrô de São Paulo, assunto pelo qual tinha especial interesse!
Além de sua aptidão para a engenharia, o Fernando tinha outro talento que poucos devem conhecer: a capacidade de atuar! Assim, podemos assisti-lo como protagonista no curta “Submarino” (2015), filme do seu filho Rafael, gravado em São Paulo e no curta “Dissonante” (2015), de outro diretor, em que meu filho Cristiano, também cineasta, o convidou para um dos papéis principais.
Tais fatos mostram um pouco mais da personalidade do Fernando que, aos 84 anos, não hesitou em explorar outras facetas da vida, sempre com muita alegria! Ah, também tínhamos mais uma afinidade, o futebol: ambos torcendo (ou sofrendo) pelo SPFC.
Enfim, só posso agradecer por essa amizade tão especial e gratificante, que levou o Fernando – em nosso último encontro – a me doar seu analisador Svantek (uma relíquia, que ainda funciona) e diversas publicações técnicas, inclusive estrangeiras. Desta oportunidade, em 12/02/21, tenho esta recordação durante almoço, ao lado do seu escritório”.
Maria Luiza Belderrain
“Muito experiente e afável, durante muitos anos o querido engenheiro Aidar era minha referência quase exclusiva na discussão de soluções de tratamento acústico e isolamento vibro acústico. Em uma época em que o mercado brasileiro de acústica disponibilizava de poucos materiais, Fernando dispunha do forro acústico Eucatex, usado tanto em forros quanto em revestimentos de paredes (salas de aula, estúdios, etc) e das placas fibrosas de Eucatex, com as quais executamos tablados e lajes flutuantes. Que, aliás, foi a primeira propaganda de material acústico que ouvi no rádio (“toda casa tem um teto, todo teto tem um forro, mais beleza mais conforto Eucatex, forro é Eucatex!”)
Curiosamente, todas as salas de aulas da pós-graduação em engenharia da UFRJ, onde estudei e depois lecionei a partir de 1971, usavam o Eucatex perfurado como painel de absorção sonora.
Já, na década de 80, participamos de encontros de acústicos que conduziram à fundação da Sobrac, em 1984. Aidar estava em todas as reuniões, com ideias e grande simpatia, aglutinadora de colegas e amigos.
Ao longo dos anos, trocamos ideias e nos encontrávamos em todos os seminários e congressos da área de Acústica. Em seguida, há uma década, veio a fundação da ProAcústica, em que tive a honra de figurar ao seu lado no quadro de Associados Honorários, o que muito me honrou.
Pena estarmos sempre em cidades distintas ou teríamos exercido muito mais a amizade sutil que nos unia. De onde estiver Fernando, olhe por nós, por nosso país e nosso mundo, onde o equilíbrio e o bom senso serão cada vez mais importantes.”
Moyses Zindeluk