Como o conforto acústico impacta na qualidade de vida
Viver com menos barulho não é uma questão de luxo ou item de conforto, mas um fator que impacta a condição de vida e prejudica a saúde de milhares de pessoas no mundo. Os benefícios da qualidade acústica no dia a dia das cidades são considerados por especialistas como itens significativos no desenvolvimento das condições ambientais dos centros urbanos. Nesse sentido, ela é responsável por contribuir com a diminuição do estado de estresse; por melhorar a atividade intelectual e proporcionar relaxamento; além de ajudar no aperfeiçoamento da qualidade no sono − atributos que causam efeitos no corpo, entre eles, o fortalecimento da atividade cardíaca.
A qualidade da pavimentação asfálticas das ruas, somado ao uso de veículos elétricos e à definição e fiscalização de limites de velocidade mais baixos em pontos sensíveis da cidade, são soluções que ajudam a diminuir o ruído urbano. Os Mapas de Ruído são outros exemplos de instrumentos que podem ajudar o poder público a planejar melhor os bairros e alocar empreendimentos como escolas, residências e hospitais distantes de fontes de ruído como estradas, vias férreas, indústrias e estádios de futebol.
Dados mais recentes da Organização Mundial da Saúde (OMS) estimam que 10% da população mundial está exposta a níveis de pressão sonora que potencialmente podem causar perda auditiva induzida por ruído. Em aproximadamente metade destas pessoas o prejuízo auditivo pode ser atribuído ao barulho intenso. Por esse motivo, a perda auditiva induzida por ruído precisa ser encarada pela sociedade como uma causa de saúde pública.
Em muitos casos, as milhares de fontes emissoras de ruído presentes nos espaços públicos geram um estado de alerta constante nos indivíduos. Essa condição de incômodo causa um mal-estar, muitas vezes, imperceptível e o impacto psicológico é quase sempre invisível.
A OMS alerta que a poluição sonora é a terceira que mais afeta a vida das pessoas no planeta. As perdas auditivas induzidas por níveis de pressão sonora elevados chegam a 6,8% da população brasileira, de acordo com a professora doutora do Departamento de Fonoaudiologia da Unifesp-EPM, Ana Cláudia Fiorini. Porém, ela alerta que a sociedade não é comunicada em relação a isso.
“Às vezes, as pessoas já sofrem com esses problemas e não sabem qual a causa.” Quando o barulho é intenso e a exposição a ele é continuada, em média 85dB(A) por oito horas por dia, ocorrem alterações estruturais na orelha interna, que determinam a ocorrência da Pair (Perda Auditiva Induzida por Ruído), explica Fiorini.
Além dos sintomas auditivos, há dificuldade de compreensão, zumbido e intolerância a sons intensos, cefaleia, tontura, irritabilidade e problemas digestivos, entre outros, ressalta. A especialista relata ainda que pesquisas vêm assinalando como o ruído prejudica as crianças, tanto na concentração como na capacidade de aprendizagem.