Projeto acústico de novo terminal de passageiros do Aeroporto Internacional de Florianópolis promove qualidade sonora nos ambientes
O novo terminal do Aeroporto Internacional Hercílio Luz, de Florianópolis, também conhecido como Floripa Airport, inaugurado em 2019, obteve a maior média de satisfação geral dos passageiros entre os 20 aeroportos pesquisados ao longo de todo o ano de 2021, alcançando a nota 4,72, em uma escala que vai de 1 a 5.
Entre os 38 itens pesquisados, o Aeroporto Internacional de Florianópolis foi o mais bem avaliado em conforto acústico. No caso, a empresa contratada para desenvolver o projeto acústico do novo terminal de passageiros e da respectiva central de utilidades (CUT) foi a Modal Acústica.
Com uma estrutura ampla e moderna, o Floripa Airport já foi eleito por duas vezes consecutivas o melhor aeroporto do país, na premiação mais importante do setor no Brasil, promovida pela Secretaria Nacional de Aviação Civil (SAC), por meio do Ministério da Infraestrutura (MInfra).
Medições acústicas
Para acompanhar as características do projeto de arquitetura assinado pelo escritório Biselli Katchborian Arquitetos Associados, o projeto de acústica foi desenvolvido para promover um excelente desempenho acústico, na busca de qualidade e racionalidade.
Para tanto, foram realizadas medições acústicas no terminal original do Aeroporto Internacional de Florianópolis e no terminal do Aeroporto Internacional de Confins, com o objetivo de quantificar e caracterizar os níveis de pressão sonora de aeronaves em pouso, decolagem, manobra e parada, da operação no pátio e dos níveis internos característicos do saguão de embarque do aeroporto de referência (Confins). Esses resultados foram utilizados nas simulações acústicas e no desenvolvimento das especificações técnicas para a envoltória do terminal.
Simulações e cálculos
Cálculos e simulações acústicas foram desenvolvidos para a definição do desempenho acústico adequado aos critérios de projeto. Foram simulados os tempos de reverberação de ambientes representativos do terminal de passageiros, sobretudo os de maior aglomeração e permanência de usuários.
As simulações desenvolvidas permitiram avaliar os principais materiais de acabamento de cada ambiente, eventualmente levando a sugestões de alterações, e apresentaram uma configuração mínima de superfícies de absorção sonora de cada ambiente.
Complementarmente, os sistemas de forro com elevada absorção sonora foram posicionados distribuídos sobre as áreas de maior concentração de pessoas, a alturas adequadas. Este posicionamento específico não influiu diretamente sobre a simulação dos tempos de reverberação, mas contribuiu para a absorção sonora eficiente e para o conforto acústico geral destes ambientes.
As paredes externas e internas, a cobertura e os vidros utilizados na envoltória dos principais ambientes do terminal e das casas de máquinas foram avaliadas individualmente e suas características de isolamento acústico foram simuladas por software.
Este estudo permitiu avaliar a característica do isolamento acústico de cada elemento por faixas de frequência de terço de oitava, gerando dados para a simulação de isolamento acústico composto da envoltória e de paredes internas. O que possibilitou as subsequentes simulações de isolamento acústico ao ruído externo (fachadas e coberturas) e ao ruído interno (casas de máquinas).
Os materiais e sistemas construtivos informados no projeto de arquitetura foram modelados e simulados, permitindo-se avaliar seu isolamento acústico. As características volumétricas e acústicas de cada ambiente foram então implementadas no modelo, possibilitando a caracterização do isolamento acústico da envoltória.
Fotos saguão de embarque e da sala vip
Em seguida, o modelo foi submetido ao ruído externo conforme os resultados das medições acústicas realizadas, para simulação do ruído transmitido para o interior dos ambientes relacionados. Para a avaliação das fachadas do saguão de embarque e da sala Vip, foram adotados os níveis sonoros equivalentes externos propagados pelo pátio; para a avaliação da fachada do saguão de check-in e das coberturas, foram adotados os níveis sonoros máximos durante pousos e decolagens.
As casas de máquinas do sistema de Ar-Condicionado e Ventilação (ACV) do terminal, as salas de geradores e a central de água gelada (CAG) foram avaliadas e adequadas quanto à emissão sonora de seus equipamentos, conforme análise dos respectivos projetos técnicos.
Soluções técnicas
As soluções e especificações técnicas foram desenvolvidas buscando o atendimento a critérios de conforto acústico e de inteligibilidade do sistema de PA, baseados nos resultados das simulações e cálculos acústicos e no desempenho de materiais e elementos construtivos.
O saguão de desembarque e de alimentação do pavimento térreo, ambiente que recebe elevada concentração de pessoas, possui forro tipo grade com revestimento absorvente sob a laje steel deck, permitindo o condicionamento acústico adequado. Sobre uma área com mesas para alimentação, há um forro rebaixado constituído de placas de madeira ranhurada com mantas absorventes no sobre forro.
Para a proteção em relação ao ruído externo, as paredes externas são construídas no sistema light steel frame reforçadas, com mantas absorventes internas ao vão. A fachada principal tem sistema de caixilhos com vidros laminados de 14mm com PVB duplo.
Foto saguão de restituição de bagagens e saguão de check-in
O saguão de restituição de bagagens possui seções retangulares de forro tipo grade com revestimento absorvente sob a laje steel deck. Para a proteção em relação ao ruído externo, as paredes externas são construídas no sistema light steel frame reforçadas, com mantas absorventes internas ao vão.
O saguão de check-in, no pavimento superior, tem cobertura de telhas zipadas de dupla camada, com painéis de lã de rocha de 130mm no vão interno. As paredes externas são construídas no sistema light steel frame reforçadas, com mantas absorventes internas ao vão. A fachada principal tem caixilhos com vidros laminados de 14mm com PVB duplo. O condicionamento acústico é proporcionado por um sistema de baffles metálicos microperfurados com preenchimento de lã mineral.
No saguão de embarque e na sala de embarque remoto, onde há permanência e concentração de pessoas, as fachadas voltadas para a pista são constituídas de caixilhos com vidros laminados de 14mm com PVB duplo. As demais fachadas são construídas com sistema light steel frame reforçadas, com mantas absorventes internas ao vão. A cobertura é constituída de telhas zipadas de dupla camada, com painéis de lã de rocha de 130mm no vão interno. O condicionamento acústico é composto por áreas de forro modular de lã de vidro e de forro de madeira ranhurada com mantas absorventes no sobre forro.
As áreas de circulação estéril e de imigração, que também recebem alta concentração de pessoas, têm forro modular de lã de vidro com alto desempenho. As paredes internas são construídas em drywall com 4 chapas de gesso e mantas absorventes no vão interno. As fachadas são construídas com caixilhos de vidros laminados de 8mm.
Todas as salas administrativas têm paredes internas e são construídas em drywall com 4 chapas de gesso e mantas absorventes no vão interno.
As salas técnicas e o tratamento de equipamentos e instalações tiveram sua configuração adequada às características de emissão sonora e vibracional. Assim, a composição de paredes e revestimentos acústicos levaram em conta os níveis sonoros emitidos. Também foram amplamente empregados atenuadores de ruído, isoladores de vibração, silenciadores e portas acústicas, todos dimensionados de acordo com os critérios de conforto acústico nas áreas próximas.