Complexo hoteleiro e de escritórios, Cidade Matarazzo, contrata monitoramento de impactos de pressão sonora e vibrações
A Giner trabalha no monitoramento dos níveis de pressão sonora do megaempreendimento, a uma quadra da avenida Paulista, e, desde setembro, aos de vibração, o que inclui relatórios mensais de impactos de vizinhança.
Realizadas de segundo a segundo, as medições registram eventos que geram baixos e altos níveis de vibração com sensores capazes de detectar um grau de resolução na casa 0,008 mm/s com uma faixa de frequência de 0,1 Hz até 500 Hz.
“A gente não conhece o universo inteiro mas, com nesse nível e com esse grau de atenção, deve ser a primeira obra com esse perfil de monitoramento”, começa explicando o engenheiro José Carlos Giner, contratado para fazer o monitoramento de ruído e vibração da obra Cidade Matarazzo, prevista para ser entregue em 2020. A uma quadra da avenida Paulista, a construção do complexo hoteleiro e residencial, gerenciada pela Tessler Engenharia, ficou famosa por incorporar um templo do antigo Hospital Matarazzo – a capela Santa Luzia, tombada pelo Condephaat – que ficou suspensa por uma estrutura a mais de 30 metros de altura para evitar danos à edificação histórica. A Giner deu início aos trabalhos de monitoramento dos níveis de pressão sonora na mesma época em que começaram as fundações e, desde setembro, aos de vibração, o que inclui relatórios mensais de impactos de vizinhança.
Realizadas de segundo a segundo, as medições registram eventos que geram baixos e altos níveis de vibração com sensores capazes de detectar um grau de resolução na casa 0,008 mm/s com uma faixa de frequência de 0,1 Hz até 500 Hz. Uma vez detectados, os equipamentos – em duas estações distintas – enviam alarmes aos telefones celulares para conhecimento de todos os envolvidos com a obra. O áudio também é gravado para posterior análise. “Esse monitoramento é importante devido às especificidades da obra e do entorno, com uma alta densidade de edificações residenciais, museus e vários hospitais que contam com instrumentos de alta precisão”, salienta Giner.
Para a gerenciadora Tessler, a obra do Cidade Matarazzo, uma das maiores se não a maior, sendo realizada na área urbana de São Paulo neste momento, coloca alguns desafios de engenharia como a coexistência de arquitetura nova e antiga, prédios tombados, ambientes de luxo e com alto grau de tecnologia. Com 145 mil m2 de área construída, no terreno ocupado pelo antigo hospital e maternidade Matarazzo, a construção está estimada em R$ 1 bilhão. No local, estão em andamento três grandes obras: uma torre de escritórios com 22 andares, assinada pelo arquiteto francês Jean Nouvel, um hotel 6 estrelas da cadeia Rosewood e o centro de convenções. “Em cima dos dados gerados pelo monitoramento, ocorrem adequações para evitar ou minimizar os incômodos à vizinhança”, reforça Giner.
Um cuidadoso estudo foi feito para posicionar os sensores de vibração e microfone para caracterizar melhor os ruídos e a vibração. Monitoramentos na vizinhança são realizados e correlacionados à medição interna para diferenciar o que é do canteiro de obra e o que é do ruído residual, muito alto na região. Situado no quarteirão entre a rua Itapeva e a alameda Rio Claro, o futuro Rosewood São Paulo terá 151 quartos de hóspedes e 122 suítes num conceito de parque vertical criado por Nouvel. A área ocupada desde 1904 pelo antigo hospital Umberto Primo, foi idealizada pelo empresário Francesco Matarazzo em estilo neoclássico e, agora, pertence ao empresário francês Alexandre Allard, famoso por investir em modernizações de imóveis com valor histórico. O negócio foi fechado em 2010.
“Como a gente sabe, a obra ‘anda’ e se as equipes conseguem ter acesso aos conhecimentos, podem melhorar o grau de controle”, comenta Giner. Alarmes e equipamentos disparam um gatilho quando algum fenômeno ocorre. “Estabelecer essas correlações é muito importante para o andamento da obra porque evita paradas devido aos incômodos.” Diversos relatórios são executados de forma automática, salvos na estação e em nuvem para uma maior segurança para processamento posterior dos valores. “O principal ganho é ter como ajustar os níveis da obra e alterar a logística, quando necessário”, finaliza Giner.